sinestesia

palavras & sentidos

PROPOSTA

Os sentidos, as memórias, as palavras, JUNTAS, têm poder de revelar-nos, dar-nos a saber sobre nós mesmos e sobre tudo. Aqui, neste espaço de experimentos, queremos despertar SENSAÇÕES, aguçar INSTINTOS, evocar EMOÇÕES.


VENHA CONOSCO!!! 


ESCUTE OS ECOS,TOQUE, VEJA, RESPIRE, SORVA ESTA LEITURA. 

CAPÍTULO PRIMEIRO

DESPERTAR

Fora uma noite sem sonhos...

A consciência varia na bruma... vai tomando corpo de si devagar...

Desperto...

Abro os olhos...

O excesso de luz do quarto solar agride as minhas pupilas e volto a fechar os olhos...

Já desperto e de olhos fechados, sinto a brisa matinal que sopra pela janela aberta acima da cama...

Resisto em abrir os olhos, mas é inevitável.

Os abro, dessa vez mais devagar, permitindo às minhas pupilas justa adaptação.

Com os focos ajustados, sobre a cabeceira da cama, vislumbro o bailar das cortinas leves que se movem em passos nunca repetidos ao serem tocadas pela brisa, agora mais forte, que as açoita.

Num lapso confuso, a mente anula o tempo, e sinto aquele balé de cortinas e vento como em câmera lenta... a cena impera e se impõe sobre todas as outras: por alguns instantes, nada existia além daquele vislumbre de ritmo e leveza.

Levanto-me!

Automaticamente, vou até a cozinha. Coloco água na cafeteira.

O tilintar da água ao tocar o fundo da cafeteira se faz nitidamente audível, assim como o raspar da tampa do recipiente de café ao ser desenroscada e apartar-se de sua outra metade...

A cozinha parece cintilar...

Fechos os olhos e os abro mais uma vez... Talheres, vidros, tampas de potes em inox, tudo cintila à luz do sol que invade o cômodo pela janela aberta.

Acendo o fogo. Coloco a cafeteira sobre o fogão.

Entro no banheiro. Dispo-me das poucas roupas que me cobrem. Abro o registro do chuveiro. Ajusto a temperatura. Testo com o pé. Entro de corpo inteiro.

Fecho os olhos sob a água que desce e escorre por todo o meu corpo...

Movimento-me lentamente como em espiral...

A água morna e acolhedora procura cada recôndito do meu corpo mapeando-o e dando-me a (re)conhecê-lo...

Sobre os olhos, lembro do prazer dos beijos estralados sobre as pálpebras cerradas...

Na boca, a memória dos beijos... de todos os beijos... lábios unidos... ora suavidade... ora línguas nervosas... como se possível fosse compartilhar o sopro da vida...

Nas bochechas, a sensação da barba do meu avô no carinho matinal trocado no seu último dia...

No pescoço e na nuca, as múltiplas mordiscadas que fizeram sentir arrepiar até as palmas das mãos.

Nos mamilos o hálito quente em contraste com a umidade dos lábios que os acariciaram e sorveram...

No abdômen, a sensação das maternas mãos acariciando-o em dias de cólicas... ainda das contrações involuntárias como respostas a unhas que deslizaram sobre ele...

Nas costas, os pezinhos e as mãos da minha irmã, quando pequena, a fazer desse lugar seu playground...

Sinto o apalpar sorrateiro das coxas sob a mesa na cachaçaria. Saúdo as habilidosas mãos que sabem como e onde segurá-las produzindo sensações entre riso e gozo...

Nos pés e mãos, a generosidade da Lolaya ao massageá-los com ternura ao final de dias difíceis...

Explode a sensação de ser parte e ser todo indizível. Meu corpo: um mapa. Territórios descobertos e invadidos tátil e afetivamente. Constantemente abandonados e redescobertos...

Volto a abrir meus olhos. Ensaboo meu novo/velho corpo, mas não como antes. Nunca mais como antes...

Invade o banheiro o aroma de café fresco... é o chamado do deus Chronos para a crueza das horas e dos fatos com tempo marcado.

Enrolo-me desmantelado na toalha... escorrendo memórias pelo chão, vou até a cozinha para desligar o fogão e preservar a qualidade do café.

Volto ao banheiro acreditando poder prolongar o que ali vivi e descobri, mas é vã minha tentativa: tento agarrar ainda as últimas memórias de prazer que parecem vagalumes acendendo e apagando...

Sigo! Parece não haver outra alternativa.

Escovo os meus dentes.

Sinto cada um dos meus vinte e oito dentes. Precisei abrir mão de quatro outros. Parece que posso enxergá-los como numa lupa cognitiva que passa a scaniar a igreja barroca da minha boca, sua anatomia acústica perfeita entre louvores e espraguejos...

O fresco aroma da menta evoca os dias simples da infância de férias no campo: o copo de alumínio com esmero ariado, quase um espelho; a água gelada do pote; o antigo creme dental forte e ardido; a posição de cócoras que a atividade exigia à condição de criança de pouca habilidade; a sensação de limpidez ao respirar frescor, o do campo e o da menta após aquela tarefa de higiene física e, agora percebida, mental...

Termino de escovar-me... visto o roupão.

Volto à cozinha. Passo, com o pé, o tapete sobre as memorias que escorreram pelo chão. Ali, parecem perigosas.

Encho a caneca de café. Sento-me em minha companhia à mesa. Seguro a caneca com as duas mãos e consigo ver meus olhos, de modo turvo, no espelho criado pelo excesso de luz sobre a superfície do líquido. Que janelas imensas me abrem estes olhos...

Antes de beber, sorvo o aroma nos segundos que antecedem o toque do líquido aos lábios... Sugo o café com barulho... a cafeína faz tocar o alarme interior:

DESPERTA!!!

Em mim, a sensação de ter tido minhas janelas profanadas.

Não há retorno, nunca mais serei o mesmo, despertei... nunca mais serão totalmente fechadas.

Fora uma noite sem sonhos...

Estava acordado no sono e sonhando agora na lucidez?

Que importa?!

DESPERTEI!

CAPÍTULO SEGUNDO

OS PERFUMES 

DA VIDA E DA MORTE

- Vem depressa! Mãe chegou agora, trouxe uma menininha e disse que é nossa!

Era o meu irmão, afogueado, à porta da vizinha que me acolhia naquela manhã ensolarada enquanto esperava minha mãe.

Saímos correndo. Entramos em casa. Eu olhava para todos os lados, não sabia exatamente para onde ir. Na empolgação, quase passo direto do primeiro quarto. Dei uma meia volta ligeira, daquelas que só crianças fazem, como se tivessem asas, e entrei no primeiro quarto. E lá estava ela...

Quando a vi, toda a empolgação foi embora... Agora, tudo parecia em câmera lenta... Aproximei-me devagar... cheguei mais perto... era tão pequena...

Curvei-me sobre a cama, apoiei os cotovelos no colchão e aproximei meu rosto do dela. Parecia que precisava mesmo ver de perto para acreditar, e era verdade: na cama daquele primeiro quarto da casa de número 195 havia uma menininha pequena e frágil e, ao que tudo indicava, era nossa, ao menos foi o que meu irmão disse.

Estava acordada. Mexia a cabecinha e os olhos em aparente descontrole.

Na distância em que eu estava, foi impossível não me sentir atraído pelo seu cheiro. Aproximei-me ainda mais e comecei a cheirá-la: na testa, nos olhinhos, na cabecinha... Despertava ali um instinto animal de reconhecimento do outro através do cheiro; era como se, cheirando-a, ela começasse a fazer parte do que sou, a ser minha (nossa) como me haviam dito.

Ainda em câmera lenta, eu, de olhos fechados, ia cheirando-a devagar...

Fui arrancado daquele estado ao, sem perceber, cheirá-la perto da boca: em uma sacada só e com muita força ela sugou a ponta do meu nariz. Abri os olhos assustado, não esperava aquela reação brusca e forte de um ser tão pequeno. Mas aquele ato me revelou algo novo e profundo: aquela boquinha minúscula exalava um odor fresco, levemente azedo, mas fresco... Era como se eu pudesse sentir a tinta fresca dos seus pulmões recentemente inaugurados. Naquele instante, descobri o perfume da vida, o odor da vida nova... o odor das inúmeras possibilidades que se abriam para aquela nova vida que trazia para a minha família vida nova.

Eu não sei se os meus irmãos me quiseram, se me esperaram. Mas eu sei o quanto eu a havia quisto, sonhado e esperado por ela...

Mais de uma década se passou...

O maestro da natureza deu-me a conhecer o perfume da vida e, para que não me esquecesse dele, anulou-me para outros perfumes que, se aproximados do meu frágil cheirador, me causavam horrendas enxaquecas.

Mais de uma década se passou...

Era uma semelhante manhã ensolarada na mesma casa de número 195. Só não era mais o primeiro quarto, como que de propósito, era o último. Lá descansava meu vovô. A glote havia parado de funcionar. A respiração era difícil. A deglutição impossível.

...

- Seu pai acordou hoje com uma história estranha.

- E qual foi, mamãe?

- Disse: "Vamos passar uns dias na casa da nossa filha?".

- Vou buscar ele agora! - gritei.

- Não, não! Vou organizar tudo e aviso para você ir buscar ele. - disse a minha vó com a serenidade e sabedoria simples que lhe era peculiar.

A partir dali eu já era feliz. A casa estava, há pouco, desfalcada. Meus pais decidiram-se pela separação; meu irmão mais velho morava em outro estado e o mais junto a mim havia se casado. Estávamos apenas minha mãe, minha irmã e eu. Ter meus avós tão amados por perto seria como antecipar a primavera e seus perfumes em pleno outono.

No dia seguinte, pela manhã, minha vó autorizou que fosse buscar meu vovô. Não sabíamos ainda o mistério que o fizera sugerir aquele momento de unidade. Era uma manhã chuvosa. Consegui uma cadeira de rodas emprestada e fui buscá-lo; era perto, dois quarteirões apenas. Vim apressado, correndo com a cadeira que sacudia com as rodas nos velhos paralelepípedos da rua princesa Isabel.

Inaugurava-se para nós um momento novo. Todos nós queríamos bajular vovô.

Ele alimentava-se sozinho por conta própria, mas não rejeitava se lhe queríamos oferecer algo à boca, como a um bebezinho. Tinha olhos serenos e aceitava tudo com gratidão. E nós? Nós ríamos de tudo! Meus avós trouxeram novo vigor à casa.

- Vamos aproveitar que papai está aqui e faremos uma bateria de exames. - sugeriu a minha mãe e o fez.

- Os exames do seu pai estão perfeitos. Pressão arterial, glicose, triglicérides, colesterol. Algo admirável para um homem de 98 anos. - disse o clínico ao avaliar os resultados.

- Doutor - arguiu minha mãe - ele tem babado muito. Vive com um lenço enxugando a boca. Isso é normal?

- Isso não é problema. Problema vai ser se ele deixar de babar.

Aquelas palavras foram um triste presságio. Passadas poucas semanas, vovô deixou de babar. Não conseguia respirar. O ar passava, fazendo bolhas, pela saliva que não era engolida nem expelida pela paralisação da glote. Corremos para o pronto socorro. A saliva foi aspirada. Mas aquele era um fato irreversível.

Passamos uma semana no hospital, ele e eu. A cada segundo ficávamos mais próximos. É justamente nos limites que o amor se faz mais necessário, por isso, mais forte. Naquele hospital não havia um doente e seu cuidador - era apenas um neto e o seu avô. Outrora aquele avô havia colocado o neto no colo e dito: "Faça o biquinho de vovô, meu filho", e ria com entusiasmo do neto que lhe fazia o bico preferido; agora era o neto quem colocava o avô no colo dizendo: "hora do banho, vovô".

Naquela semana foram aplicadas vitaminas para substituir a alimentação. O terapeuta instruiu-me em como fazer as manobras que desobstruíam as vias respiratórias. Diante da impossibilidade de melhoras, fomos mandados para casa. Começava uma contagem regressiva.

Em casa, no quarto de trás, vovô continuava sua odisseia de generosidade. Mesmo com dificuldades, aceitava gentilmente as vitaminas que lhe aplicava na garganta com uma seringa. Às vezes engasgava-se, e eu ficava aflito. Quanto conseguia se recompor, olhava para a seringa e, se via ali ainda algo, olhava para mim e abria a boca resignado.

Descobrimos afinal o motivo, aparentemente sem razão, de vovô ter feito aquela inusitada sugestão de passar uns dias em nossa casa: amor.

De alguma forma miraculosa e sensível ele pressentiu que era próximo o seu fim e, por um amor profundo à minha vó, para preservá-la, sutilmente, pediu para passar dias conosco...

Como já disse, era uma manhã ensolarada como a primeira. Havia me habituado a ir no quarto um milhão de vezes por dia para ver se estava bem, para ficar um pouquinho com ele na cama. Naquela manhã não foi diferente. Acordei e fui ter com meu avô, pedir-lhe a bênção. Aproximei-me para beijá-lo e, mais uma vez, meu instinto animal me pegou pelo faro. Comecei a cheirar seu rosto, a esfregar o meu rosto em sua barba por fazer. Não tinha mais o cheiro típico dos velhos. É fato que havia cheiro de remédio, porque há alguns dias não comia nada. Mas o hálito perdera o odor típico. A respiração era curta, como se não fosse aos pulmões, como se fosse à garganta e voltasse. Eu não sabia naquele momento, mas era já o cheiro de casa vazia. Era o perfume da morte.

Dali fui atender a porta. Fui com amigos rapidamente à Igreja de São Miguel e, na volta, ao chegar, ouvi choro: era a minha vó que percebera o fim.

Corri para o quarto. Estávamos ali minha mãe, eu e meus dois amigos. Sem muito esforço, meu vovô olhou para cada um de nós e, a cada movimento, expirava um pouco sem inspirar. Depois de olhar-nos a todos, como se nos abençoasse na hora derradeira, sem nada dizer, expirou finalmente o resto do sopro da vida que o alimentava e fechou os olhos.

Aquele foi o meu primeiro contato real com a morte. Em contraste com o perfume da vida, agora senti o perfume do seu inverso.

Na casa de número 195, do quarto da frente para o quarto de trás, fechou-se para mim um ciclo de aprendizados entre a vida e a morte, um ciclo infinito que segue até hoje em espiral...

Nos extremos: os antagônicos perfumes da vida e da morte que a mim foram dados a sentir e reconhecer. Entre eles, uma infinidade de outros perfumes que, ora tendem a um, ora tendem a outro.

Depois desse ciclo, encontrei-me com os mesmos odores de vida e morte outras vezes, mas não mais com o mesmo ineditismo.

CAPÍTULO TERCEIRO

ALGUÉM QUE ME ESCUTE 

COM A PELE

 - Estávamos deitados na cama... ela com a cabeça sobre o meu peito... gosto de provocar-lhe deslizando as pontas dos dedos sobre o seu corpo, bem devagar, e sentir os pelos ouriçados e, às vezes, pequenos tremores... Foi quando...

          - Você me ama?

          - Claro que sim! Por que isso agora?

          - Olha aí! Você não disse "claro que te amo", disse "claro que sim". Qual é o seu problema? - esbravejou saindo do                nosso enlace e levantando-se.

          - O meu problema? Não consigo enxergar problema nenhum. Quem está criando um problema é você. Por que isso            agora?

          - Por quê? São já sete anos. S.e.t.e. anos. E nada? Você nunca disse que me ama. O marido de Paula manda flores              com cartão dizendo "eu te amo", deixa recados na geladeira dizendo "eu te amo", diz "eu te amo" quando deixa ela              no trabalho.

         - Pergunta se ele não quer casar com você também e dizer esse monte de "eu te amo", porque ele diz para a                           estagiária lá do escritório todo intervalo de almoço quando vai vê-la, pode dizer pra você também.

         - Você sabe que está sendo um idiota, não sabe? Um grosso e um puta de um idiota!

         - Acredito que estamos, não acha? Estávamos aqui, juntos, celebrando nós dois. Do nada você sai com essa. Já                     parou  pra pensar que as pessoas podem dizer "eu te amo" sem estarem sentindo nada disso? 

        - Não espere que eu me sinta culpada por dizer das coisas que me fazem faltam, das palavras que eu preciso ouvir.

        - E não espere que eu também me sinta culpado por dizer todos os dias o tal "eu te amo" que você espera, só que do              meu jeito, das formas que eu sei demonstrar amor.

       - Para mim não é suficiente...

- Ela disse colocando algumas roupas na mala e saindo sem dizer mais nada. Depois mandou uma mensagem dizendo que viria pegar as coisas num outro momento.

- E por que você não disse o "eu te amo" que ela tanto queria ouvir?

- Quantas vezes mais eu tinha que dizer? Eu disse isso várias vezes ao dia por sete anos. Dizia fazendo o café quando acordava primeiro que ela. Dizia ao ir desvendando-lhe os gostos, ao trazer o pão doce, seu preferido, depois do trabalho. Dizia ao deixar-lhe escolher peças exóticas para a nossa decoração, mesmo quando não gostava nem um pouco - ela tinha um jeito especial de me fazer achar, no fim de tudo, que havia sido uma boa aquisição. Dizia quando abraçava-lhe na rua quando estava frio, e andávamos bem juntos, como quando namorávamos. Dizia quando passava um tempão tentando imaginar o que dar pra ela no final do ano e aniversário, dado seu gosto tão excêntrico. Dizia quando ela ou eu estávamos com vontade de nós dois, a segurava com força e, sem deixa-la sair do meu abraço, ia despindo-a, deslizando minha língua sobre seu colo, beijando-lhe o pescoço até chegar à nuca, para falar-lhe, com meu corpo, que ela era a dona do meu desejo. Dizia quando, depois do amor, como na última noite, ficávamos em silêncio e eu deslizava os meus dedos sobre sua pele, bem devagar...

- Pelas suas palavras, parece que você ainda gosta dela.

- Eu a amo!

- Então, por que deixou ela ir embora? Por que não foi atrás dela? Por que não disse de uma vez para ela o que acaba de me dizer?

- Deixei-a ir por amá-la! E por amar a mim mesmo também...

- Não compreendi o paradoxo.

- Percebi que, por mais que eu a ame e diga isso todos os dias de tantas formas, nunca vai ser suficiente... ela quer um outro tipo de amor... talvez mais frágil, ou até mais fugaz... mas que lhe acaricie o ego auditivo. E se é disso que ela precisa, decidi amá-la deixando-a livre para que encontre.

- E quanto ao amor por você mesmo ao qual se referiu?

- Para dar o que ela precisa eu teria que deixar de ser quem sou. Amá-la com outro coração, e isso eu não posso fazer. E também, quero estar livre para encontrar alguém que escute com a pele os "eu te amo" que digo com a língua, com as mãos, com o corpo; os "eu te amo" silenciosos que digo com os olhos, com o sorriso, com os cuidados variados todos os dias...

- Parece bem interessante na teoria. Mas acha que funcionará na sua vida prática? Não vai ser essa uma nova fonte de frustrações?

- Não sei! Se soubesse não estaria aqui. Só sei que quero tentar... Não agora! Ainda tenho o cheiro dela gravado muito forte em minha memória; o nosso jeito de fazer amor; a imagem do seu sorriso que pendia mais para o lado esquerdo da boca... Ainda estamos muito conectados e quero experimentar isso até que passe, ou ao menos diminua... Você sabe mais ou menos o quanto isso dura?

- Não há previsão cronológica: o tempo emocional tem configuração própria.

- Então que dure o quanto tiver de durar. E que venha o novo quando eu estiver pronto para recebê-lo.

- Seu tempo acabou! Até a próxima sessão.

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